O Bem e o Mal

17/06/2012 20:51

 

Amadeo abriu os olhos, a lembrança da noite passada ainda viva em sua mente, recordava das palavras de seu mestre como um pesadelo que ameaçava retornar. Sozinho outra vez.

                Sua cabeça ardia de febre, cambaleava enquanto tentava erguer-se do sofá dos aposentos do mestre, olhou fixamente para a pintura a óleo a sua frente.

                “Se sou um anjo, pinte-me com asas negras”. Será possível que Marius estava decepcionado?

                Desceu as escadas, e saiu para a rua, não se importava que Veneza a noite pudesse ser perigosa. Correu o mais rápido que conseguiu, ate chegar a uma rua sem saída perto do porto.

                Deitou-se ali, no chão sujo, enquanto gritava: “Mestre, preciso de você!”. Não demorou muito para que começasse a chorar, lagrimas limpas, porem sujas de saudade. Ate suas suplicas se tornarem murmúrios.

                Mas, ele estava ali, e contemplava-o com enorme receio, talvez com um pouco de desgosto pela atitude infantil do aluno.

                Com a calma costumeira, o homem sábio de vestes vermelhas, debruçou-se ao lado do jovem de cabelos ruivos.

                “Por que os anjos caem primeiro?” perguntou o jovem, seu olhar estava distante, e fixo nas estrelas acima de sua cabeça.

                “Porque é mais facil pessoas boas se tornarem más, do que o contrario.”

“Achei que o bem e o mal eram conceitos estúpidos criados pelas pessoas...”

“Amadeo compreenda, que em toda burrice, existe uma espécie de verdade, nada no mundo é totalmente sem coerência”.

 

 

Texto escrito por: Marine C. de Paulo.

Imagem por: WWW. Deviantart.com